Cronica:Reféns
Estava disposta a escrever sobre o efeito hipnótico que os computadores provocam nos adolescentes,sobre como esta garotada perde tempo em frente ao micro.Por mais que se divirtam com o Orkut,msn,os games,os fotologs,os blogs e todo o universo virtual,está na cara que a pratica pode se tornar obsessiva.Foi o caso do rapaz chinês de 26 anos que,cerca,de três semanas atrás,morreu após passar sete dias corridos na frente do computador,numa maratona de jogos onlines.Morreu de exaustão ,morreu de alienação,morreu de burrice,sei lá do que morreu,mas morreu.Sete dias corridos,da pra imaginar?
Nossos obcecadinhos domésticos-também conhecidos como filhos-não são assim extremistas,mas exageram,ás vezes.Se a gente não chama a atenção acabam esquecendo que á outras coisas no mundo como praças,livros,cinema,esportes,conversas ao vivo e seduções reais.Porém,para eles o que interessa é teclar obstinadamente,proteger-se atrás da tela,manter o contato com o mundo sem sair do quarto.Tempos modernos é o argumento.
Pois eu ia falar sobre tudo isso,mas enfiei minha viola no saco em função do que vem me acontecendo nos últimos dias.Passei 48 horas ora da cidade e quando retornei havia mais de cem emails.Normal.Só que não baixaram.A máquina se recusou a trabalhar.Tive vontade de surrar o computador,mas de nada adiantaria,a internet estava lenta,quase parada ,até que parou mesmo.Diagnóstico:problema gravíssimo no meu modem,caso de internação.Estou sem internet há uma semana e parece que o mundo deixou de existir.Sei que estou recebendo propostas de trabalho,convites para sair com amigos,elogios sinceros,críticas bombásticas e piadas que nunca lerei,mas não importa que eu nunca as leia,tenho o direito de receber tudo como sempre recebi.E mesmo que digam que o mundo não se resume a isso,poxa:no momento se resume!É na falta que se dá valor,não é assim que se diz?Estou pirando sem computador.Que cinema,que esporte,que nada.
E não é só a incomodação de não estar checando os emails.Eu não posso acessar os jornais de fora do estado,não posso acessar o site do meu banco,não posso entrar no google,não posso enviar minhas crônicas.Esta aqui só chegou a redação de Zero Hora porque tive que ir até a casa do meu irmão usar o computador dele.Poderia também ter ido num cyber.Soluções existem,eu sei.Mas nada é igual ao computador da casa da gente,disponivel na hora que a gente precisar,ou seja,todas
TEMPOS MODERNOS,UMA DELÍCIA DE INFERNO
Martha Medeiros.Caderno Dona Zero Hora.
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